quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Às vezes o silêncio é tanto que em minha própria casa tenho uma vontade louca de voltar pra casa.

Cadê minha cama, meu lugar, meu colo?

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

intervalo

de onde, a arte em mim?
para onde a poesia?
O traço torto e o ponto.
A linha nunca reta
- mãos tortas de deus -
vida que atravessa o ponto
de onde e para onde
fui eu?
sou eu?
serei para?

terça-feira, 4 de agosto de 2009

TPM

Tem dias que eu daria
tudo para morrer
por uns dias.

sábado, 1 de agosto de 2009

"Quem mói no aspr'o não fantaseia" (JGR)

Com os olhos opacos e o meio-sorriso que não se percebe amarelo, ela acorda todos os dias. Levanta sem vontade e ainda com sono e passa pelos mesmos lugares cinzentos. Cumprimenta algumas pessoas com uma simpatia quase sincera, finge que não vê outras tantas, foge para não ser vista por outras. Chega ao destino, cumpre tarefas, volta pra casa, pelos mesmos caminhos. Tarde da noite se deita, seu único alívio, e chora com o peito completo de dor por não saber o que fazer com a violência da vida que pulsa dentro dela e não consegue sair.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Um dia, ao arrumar meus armários, jogar fora os velhos papéis e rasgar as recordações, vou encontrar algo que realmente importa, algo verdadeiramente essencial. E então, com uma dor imensa no peito, vou chorar por não poder voltar no momento em que guardei aquilo.

Armários são muito perigosos.

domingo, 12 de julho de 2009

Da poesia me resta o silêncio e apenas o silêncio, que é esse vazio entreversos.
Da poesia me resta a violência brutal no meu peito, que é dor e é vontade e é desejo e é saudade e é qualquer coisa que não pode ser dita.
Da poesia me resta tudo, exceto: palavras num papel.

quinta-feira, 26 de março de 2009

parte de mim

e toda poesia
todas as cores do dia
todos os dias de sol
tudo terá sempre um pouquinho de seu

meu menino mel

sábado, 14 de março de 2009

acho que não quero mais chorar os mortos tão mortos dentro de mim o vazio de não lembrar de mais nada no corpo na alma em qualquer lugar que eu possa sentar e chorar e chorar no seu colo muito pequeno e chorar sobre a morte e a vida e a falta de escolha e necessidade de ser eu mesma a terra sempre a engolir os mortos a toda hora a todo segundo eles se vão dentro de mim e dentro de mim há espaço pra vida e há espaço para ser para sempre essa vontade de recomeçar de redescobrir-se e ser e ser e ser
de todas as belezas já ditas
de tudo já vivido
de todas as horas que passei por aí

do meu corpo, nem devasso nem santo
do meu peito, campo vazio
das pessoas que eu não conheci

resta apenas:
esquecimento

["e essa lacuna é tudo"]

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Sou eu

Talvez um dia eu consiga entender o que acontece dentro de mim, que é calmo e intenso, que é triste e louco, que é suave e forte.
Talvez um dia eu consiga perdoar o que eu me tornei.
Talvez um dia eu assuma pra mim: sou eu.
Diante do espelho, pouca gente se encontra. E talvez estejamos todos perdidos por aí.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

grave

Que todos os graves desse som absurdo que é a ausência de você ao meu lado batam em meu peito e ressoem. Que essa batida estranha leve embora a dor. Que tire de mim o peso como foi tirado de mim o direito de estar ao seu lado, assim tão de repente. E que então eu possa dançar ao som dessa música, como num ritual de purificação, e que eu possa ser, para sempre, leve, embora a dor.

domingo, 18 de janeiro de 2009

Desculpe a falta de jeito
é que eu tenho andado tão
sereno


Mal posso esperar o sol


verão
vocês
que
nada
é
em
vão

sábado, 17 de janeiro de 2009

Mas não.

Se ainda fôssemos perdoados pela nossa falta de entrega, mas não. É difícil viver, às vezes. É difícil perceber que, na verdade, a gente vive é pouco, é de pouca entrega. E, por isso, não seremos perdoados nunca. Nem por nós, nem por ninguém.
Queria o homem mais humano. E eu sempre falo de mim.


[[ blogs têm me motivado. hoje foi o seu, T. ]]

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Se essa rua

Vou seguir seus passos e te alcançar.
Se essa rua fosse minha, ah, se fosse minha.
Se seu coração fosse meu e se eu pudesse te guardar.
Juro, juro te amar e você jura me amar.
E pra sempre você será meu.
Vou seguir os seus passos.
Vou seguir meu caminho, você segue o seu.
Se essa rua não tivesse tanta terra e tanto mato.
Ah, se fosse minha, a rua, você, o sol que arde em meus braços.
Se eu pudesse, pegava seus braços, seguia seus passos e você seria meu, só meu.
Se seus passos se confundissem com os meus.
Se seus braços encobrissem os meus.
Se essa rua fosse minha, só minha.
E se não tivesse tanta terra e tanto mato e tanto sol e tanto medo.
Ah, se fosse minha.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Para você

Eu também me canso de muita coisa, às vezes.
Acho que a vida é assim mesmo, um alternar eterno entre cansar e esquecer-se. Às vezes prefiro cansar a me esquecer, mas a maioria das pessoas não. E talvez por isso vivamos tão cheios de "talvez", de indiferença.
Sabe, esse ano eu cansei de me esquecer. Foi tanto tempo assim, vivendo sei lá porquê. Foi tanto tempo acreditando que eu devia fazer tudo, tudo de uma vez. E acho que perdi o cansaço do mundo e me esqueci do sonho.
Já falei sobre isso, talvez você nem tenha notado.
A gente se perde nos dias, embora se encontre quase todo dia. A gente se perde um do outro e se perde no outro e se perde da gente. Eu acho. Acho mesmo que você espera mais de mim do que eu posso dar, e acredita menos do que eu gostaria que acreditasse.
Você entende as coisas que eu te digo? Não, né?! Eu sou como você ("eu não sou como você, eu não consigo deixar tudo pra trás e ir..."). Eu escrevo para os outros falando pra mim mesmo. Eu escrevo falando o que eu preciso dizer, e não o que o outro precisa ouvir.
E, no fim das contas, passada a correria, passado o ano bom, o ano de esquecer-se e de te encontrar, passados os textos mal escritos e os textos não escritos, passado o diálogo interior, "eu fico com as fotos".
"Não tem problema, eu fico com as fotos".
Com carinho.

Para você.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

10 pensamentos pessoais

#1 - Acho que não sei mais ler.
#2 - Acho que não consigo mais escrever algo estruturado, coeso e coerente.
#3 - Não sei o que fazer com tanto tempo livre.
#4 - O tempo anda passando depressa por mim e eu quase não percebo os dias.
#5 - Não escrevi nenhuma retrospectiva 2008.
#6 - Não escrevi nenhuma perspectiva para 2009.
#7 - Mas uma delas é conseguir escrever mais.
#8 - E a outra é aprender a voar.
#9 - Acho que preciso viajar nestas férias.
#10 - Estou feliz.

E prometo voltar aqui com algo melhor da próxima vez.
Às vezes precisamos de um "dear diary".