segunda-feira, 22 de março de 2010

M.

Naquele dia, eu parei. Naquele dia que eu não sei precisar bem qual é, mas sei que aconteceu. Meu coração em silêncio, meu corpo em silêncio, meu sorriso sincero. Eu parei e fechei o rosto. E fechei o resto do corpo e calei o silêncio que havia em mim. Naquele dia eu fui igual àqueles que eu nunca quis me igualar. Eu, morrendo de infarto aos 35 anos. Eu sempre soube, no fim. Só não sabia que seria assim, tão gradativo. Meu sonhos morrendo de medo e de vergonha, muito antes dos 30. Não me dei tempo para pensar, não me dei tempo para mudar, não me deixei mais estar em silêncio. Naquele dia eu parei e segui nesta direção. Eis-me aqui, débil e vil.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Eu queria a calma de um vilarejo. Eu queria a paz de poder falar. Eu queria um tempo meu. Eu queria voltar pra este lugar.

Será este post um prenúncio da volta?

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Às vezes o silêncio é tanto que em minha própria casa tenho uma vontade louca de voltar pra casa.

Cadê minha cama, meu lugar, meu colo?

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

intervalo

de onde, a arte em mim?
para onde a poesia?
O traço torto e o ponto.
A linha nunca reta
- mãos tortas de deus -
vida que atravessa o ponto
de onde e para onde
fui eu?
sou eu?
serei para?

terça-feira, 4 de agosto de 2009

TPM

Tem dias que eu daria
tudo para morrer
por uns dias.

sábado, 1 de agosto de 2009

"Quem mói no aspr'o não fantaseia" (JGR)

Com os olhos opacos e o meio-sorriso que não se percebe amarelo, ela acorda todos os dias. Levanta sem vontade e ainda com sono e passa pelos mesmos lugares cinzentos. Cumprimenta algumas pessoas com uma simpatia quase sincera, finge que não vê outras tantas, foge para não ser vista por outras. Chega ao destino, cumpre tarefas, volta pra casa, pelos mesmos caminhos. Tarde da noite se deita, seu único alívio, e chora com o peito completo de dor por não saber o que fazer com a violência da vida que pulsa dentro dela e não consegue sair.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Um dia, ao arrumar meus armários, jogar fora os velhos papéis e rasgar as recordações, vou encontrar algo que realmente importa, algo verdadeiramente essencial. E então, com uma dor imensa no peito, vou chorar por não poder voltar no momento em que guardei aquilo.

Armários são muito perigosos.