sexta-feira, 31 de outubro de 2008

...e o meu medo mais bobo

Às vezes é preciso chorar. E é nessas horas que eu fecho a porta do quarto, me jogo na cama e me curvo sobre mim mesma, pensando que tenho em mim todos os males do mundo, todas as frustrações. Choro convulsivamente, até não poder mais, ou até eu perceber que é só MINHA solidão, MINHAS frustrações, o que EU sou ou deixo de ser. É só meu egoísmo. E aí levanto da cama e quase sempre tento simular sorrisos, para que ninguém perceba que chorei. Bobagem. Todos sabem, todos vêem, quase sempre. Eu quase nunca escondo minhas dores, ou pelo menos não o reflexo delas. E, principalmente, quase nunca sei nomeá-las.
Todo dia acordo com as mesmas dúvidas e dores, com a mesma não-vontade e com o mesmo desejo louco de viver. Todo dia pego o ônibus lotado e vou para a faculdade com sono. E assisto a aulas que não me interessam muito, e faço um esforço sincero para prestar atenção e entender alguma coisa. Às vezes durmo. Quase nunca pergunto. Acho isso um defeito imenso e me culpo por isso todos os dias. Bobagem.
Tenho um sonho imenso, com o qual tenho aprendido a lidar. Não sou atriz, não sou escritora, e enquanto eu negar o que quero ser, continuarei a não ser nada. E quase sempre quando choro é quando me vejo no nada, nesse nada imenso que construi[ram?] para mim.
E aí vou para o teatro - meu medo mais bobo? -, meu nada mais completo e que tento entender e viver todos os dias.
Intenso é todo momento que escolho o presente, ao invés de escolher o medo. Difícil é viver e se encontrar e se desencontrar.
Acho que estou crescendo.

domingo, 26 de outubro de 2008

Eu, que quase sempre lúcida. Eu, que quase sempre ingênua, quase sempre superficial. Abandonei meus pensamentos na primeira curva de felicidade. Abandonei qualquer tentativa de fazer da vida mais essência. Eu ia falar da sua poesia. A cada dia te sinto mais madura em idéias, mas ainda há uma ingenuidade pra dizer. Resolvi olhar no espelho e você estava lá, igual. Como é que eu te digo o que é tão meu?
Aí penso que ando vivendo por nada, no vazio das coisas. Penso que não penso. Mas quando a poesia me entra como um sopro na alma, todas as minhas defesas caem. E eu lembro da menina que se fala "vai" a cada frio na barriga antes da cena, do exercício da vida. E eu lembro da voz que me fala "vai" todo dia de manhã quando não quero acordar. E penso que, de alguma forma, há essência na vida.
Talvez falte só é coragem pra olhar no espelho.

sábado, 11 de outubro de 2008

Acho que a vida às vezes é maior do que a gente.

Lembro-me desse mesmo lugar, nessas mesmas tardes de setembro. O mesmo sol castigando minha pele, meus ombros cansados de carregar a mochila e lá dentro o mundo. E cá dentro meu sol e meu mundo, que sei lá o que eram. Meus olhos distantes, você no meu peito. Eu me lembro. Porque os dias são todos iguais mesmo. Por mim, passaram: pessoas, lugares, eu mesma. Mas os dias são tão iguais que penso que eu mesma fiquei. Na lembrança de alguém, eu passei. Como passam as horas e os anos, como ficam os dias sem data.