Embora o teatro como conhecemos no ocidente tenha lá sua origem na Grécia alguns séculos (uns 5) antes da era cristã, a profissão de ator é algo recente. Recente e recentemente decente. Decente?
Atores foram, durante muito tempo, escravos, prostitutas, vagabundos, ou qualquer outra espécie marginalizada. E isso não é pré-histórico. Falo de década de 1950 no Brasil (e aí falo de prostitutas e vagabundos, uma vez que escravos já estavam teoricamente livres).
Hoje o mundo é diferente. Já houve woodstock e as pessoas se despiram de seu moralismo. A geração anterior à minha é das hippies da savassi e dos marxistas de buteco. "Deixa o cara se expressar, ele é livre" - falam essas espécies a respeito do ator - "eu também já fumei maconha..."
.
Acontece é que estamos no meio de um processo de transformação na visão da sociedade sobre o ator - e talvez do teatro, sabe-se lá. Hoje nós não precisamos mais andar com uma carteirinha para não sermos confundidos com marginais (embora sejamos, vez em quando). Hoje temos faculdade - eba!! -, sindicato (bom ou mau, temos), e alguns da classe - às vezes independente de sua qualidade artística - obtém reconhecimento.
A TV nos deu muito crédito. Ou tirou o crédito de atores do teatro (que ator nunca escutou no início de sua carreira: "quando eu vou te ver na Globo?"?!). Mas fato é que as coisas estão melhorando. Devagar, muito devagar, mas estão.
.
Hoje é dia do teatro. Muita coisa deve ser questionada. Leis de incentivo, formação de público crítico, formação de ator, etc, etc, etc. O papo vai longe e hoje eu vou numa manifestação contra a lei Rouanet (sim, temos outra opção). Uma manifestação-BAILE. Afinal, nós atores gostamos de nos divertir, também. A gente luta, na verdade, por aquilo que todo ser humano no fundo quer (ou deve querer): trabalhar decentemente com algo que nos faz [muito] feliz. E que acrescenta algo à sociedade.
Posso ser atriz? Obrigada.
Me leva! dançando...
Há 11 anos