sexta-feira, 31 de outubro de 2008

...e o meu medo mais bobo

Às vezes é preciso chorar. E é nessas horas que eu fecho a porta do quarto, me jogo na cama e me curvo sobre mim mesma, pensando que tenho em mim todos os males do mundo, todas as frustrações. Choro convulsivamente, até não poder mais, ou até eu perceber que é só MINHA solidão, MINHAS frustrações, o que EU sou ou deixo de ser. É só meu egoísmo. E aí levanto da cama e quase sempre tento simular sorrisos, para que ninguém perceba que chorei. Bobagem. Todos sabem, todos vêem, quase sempre. Eu quase nunca escondo minhas dores, ou pelo menos não o reflexo delas. E, principalmente, quase nunca sei nomeá-las.
Todo dia acordo com as mesmas dúvidas e dores, com a mesma não-vontade e com o mesmo desejo louco de viver. Todo dia pego o ônibus lotado e vou para a faculdade com sono. E assisto a aulas que não me interessam muito, e faço um esforço sincero para prestar atenção e entender alguma coisa. Às vezes durmo. Quase nunca pergunto. Acho isso um defeito imenso e me culpo por isso todos os dias. Bobagem.
Tenho um sonho imenso, com o qual tenho aprendido a lidar. Não sou atriz, não sou escritora, e enquanto eu negar o que quero ser, continuarei a não ser nada. E quase sempre quando choro é quando me vejo no nada, nesse nada imenso que construi[ram?] para mim.
E aí vou para o teatro - meu medo mais bobo? -, meu nada mais completo e que tento entender e viver todos os dias.
Intenso é todo momento que escolho o presente, ao invés de escolher o medo. Difícil é viver e se encontrar e se desencontrar.
Acho que estou crescendo.

3 comentários:

Anônimo disse...

Que lindo!

Clecio Luiz S. Júnior disse...

Só temos o vir-a-ser. Nada mais nos resta senão esperar que os miúdos "pedaços de agora" se transformem em peças e coisas e pensamentos inteiros [ou menos quebradiços]. Crescer é juntar os pedacinhos, alguns cortam, ferem, outros acariciam e fazem chorar.
Nada é. Tudo pode vir-a-ser. As vezes pensamos que somos quando apenas estamos.

Beijo, curta-se e viva esse amontoado de virtudes que tens!
Te amo e ponto

Ana Silvia disse...

é a gente está crescendo... e vai vendo que o mundo é uma grande fachada que esconde o ser... as pessoas gastam seu tempo construindo a fachada, e fingem que não são, e que o mundo está completo. Aí, nós que somos loucos, poetas (talvez nunca editados, imprimidos e emprateleirados) nos sentimos loucos, atormentados,anormais por se perguntar, por sentir... é aí que a gente desconta no texto...

Daí me contaram, fui conversar com um não poeta assim... nem todo mundo pensa na vida... nem todo mundo é bom, e que errar faz parte do viver, não é só acertar.

Daí, tbm pensei que se era pra viver era pra fazer algo que eu acretitava, é por isso que eu fiz algumas escolhas e que serei uma aluna de direito pertubadora... pq a aula dogmática me atormenta (lonhs história).

Nossos textos dialogam flavota. Pq a nossa vida conversa.