segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Aránde Gróvore

Não sou de ficar exaltando coisas já consagradas. Jogar confetes, não sou. Porque é muito fácil falar que Galpão é bom. Tem nome, sabe? Ainda que você não faça teatro, certamente já ouviu falar no Galpão. Se não faz, mas é um pouco mais informado, já ouviu falar da Luna Lunera. Dificilmente ouviu falar do grupo Trama, por exemplo. Então, o Galpão não precisa dos meus confetes, embora eu quase sempre tenha que jogá-los, sim.
Não venho falar do Grupo Galpão, no entanto. Aránde Gróvore é um projeto do Galpão Cine Horto - o projeto Cine Horto Pé na Rua -, com direção da Inês Peixoto, mas com atores oriundos do Oficinão 2007. Gente que não recebe muito confete, normalmente. E venho jogá-los.
Aránde Gróvore trás o universo fantástico de todas as formas possíveis. Uma grande árvore, no parque municipal, compõe o cenário. O público fica em volta, sentado no chão de terra coberto por galhos e folhas secas. É inacreditavelmente apropriado. O fantástico é mais real do que a realidade. A criação de sons, as músicas, as interpretações, tudo nos leva para um lugar bom de ver. Tudo nos convida, nos faz sentar e ouvir uma história. O verdadeiro papel do teatro, eu acho.
O mais impressionante, no entanto, é o trabalho com a linguagem. Uma mistura de português, francês, inglês, latim, grego, etc; ou simplesmente uma língua fantástica, uma brincadeira, um jogo. Toda ludicidade e seriedade do trabalho nos fazem acreditar naquilo, entrar naquele universo e deixar-se encantar pelo conto de fadas vivido.
Sim, a peça me toca e me encanta. E jogo meus confetes todos para eles. Poucas vezes farei isso, ainda mais de forma escrita. Mas...

"eles merecem, eles merecem!!"

Um comentário:

Clecio Luiz S. Júnior disse...

Não tenha receio em jogar confetes naqueles que de fato o merecem. Também não tenha receio em jogar maçãs...
Importa ser sincero e conhecer a diferença grotesca entre o elogio e o pedantismo, a bajulação. Mais ainda, importa o cuidado de não colocar o artista em "topos" sobre-humano. O artista é só um artista, já a Arte, esta sim é um desvario.
Adoro te ler.
Te amo!