A casa já havia sido tomada pela areia e os móveis corroídos pelo sal. Fazia mais de um ano que ninguém entrava lá, até que ela resolveu entrar. Fazia um esforço enorme para fingir que não percebia que o que estava acabado não era a casa, mas o lar.
Já haviam se acusado, se arrependido, mentido, desmentido e até pedido pra voltar, mas nada terminava no "felizes para sempre". E talvez não haja nem felicidade nem sempre, pensava. Mas havia duas vidas destruídas por pequenos e constantes grãos de areia e diluídas doses de sal. Havia amor onde agora há destroços.
A casa da praia era dela, mas ela não sabia o que fazer com tantos restos.
Mas o que a fez se atirar no mar pela última vez naquela tarde foi perceber que o amor é uma mentira enorme, um conto de fadas que nos contam a vida inteira, até que um dia alguém grite "primeiro de abril" e tudo acabe morrendo na praia.
Me leva! dançando...
Há 11 anos
Um comentário:
Não que o amor não exista... não podemos deduzir o universal do particular... filosofia mal feita, razão mal completada.
Mas do que vale a razão e a filosofia se sua vida única não deu certo?
Não que o amor não exista. Ele não exite para todos.
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